domingo, 11 de setembro de 2011

Palavra do Pároco


“Perdoar! Quantas vezes?”

Caríssimas irmãs e irmãos em Cristo:

Nesse final de semana continuaremos no discipulado do amor, iniciados n
o último domingo.

O perdão, esse “desconhecido” pela maioria de nós, volta a ser assunto de Jesus (evangelho de Mateus), dos Apóstolos (Carta de São Paulo aos romanos) e do Eclesiástico.

“Senhor, quantas vezes devo perdoar? Até sete vezes? Esta pergunta de Pedro manifesta a nossa humanidade. Somos muito propensos em limitar o perdão, restringi-lo a números. Devemos a isso, infelizmente, ao nosso amor também limitado. Prestemos atenção nestes exemplos: Fomos ofendidos no trânsito, retrucamos. Emprestamos dinheiro, não nos devolveram e aí processamos e magoamos aos nossos devedores muitas vezes com severa violência física. Na empresa em que trabalhamos, embora nos esforcemos muito, somos injustiçados nos momentos de aumento de salário ou promoções, o que nos leva a discórdias sem fim. Em casa os filhos faltam-nos com o devido respeito, e assim apelamos à ira. Brigamos entre esposos e esposas e nos viramos as costas. Nosso cotidiano tem muitos exemplos.

Nesse dia 11 fazemos memória a um acontecimento muito triste. Em 2001 houve o atentado terrorista às Torres Gêmeas de Nova York, com a perda de milhares de vidas. O que se fez após? Houve pedido de perdão? Respondeu-se em coro que, apesar das tristezas recorrentes, SIM, os assassinos foram perdoados? Ao contrário, incorreu-se em vinganças, em mais perdas de vidas humanas, lutos e conseqüente empobrecimento de espírito.

Como tolerar? Como diz o ditado popular: “como levar tanto desaforo para casa”? É comum ouvirmos: a nossa dignidade não está sendo respeitada; portanto, comunguemos nossos ímpetos de vingança, ira, rancor...

Qual o remédio para tanto mal? Qual a resposta a tanto anseio, tanta ansiedade de sermos superiores aos demais irmãos e irmãs?

A resposta, amigos, é O AMOR... e seus “frutos”: o perdão e a misericórdia.

São Paulo, em 1Cor 13, escreveu que tudo o que fizermos sem a caridade ( sem o AMOR) será em vão: “...a caridade é paciente, tudo vê, tudo espera...”. O autor do Eclesiástico (primeira leitura) nos alerta: “se não tens compaixão do seu semelhante, como poderá pedir perdão dos seus pecados? Lembra-te do teu fim e deixa de odiar”.

Tal recomendação nos reporta a outros ditos de Jesus: “... o que te adianta ganhar o mundo se perderes a tua alma?”

É, meus amigos, embora seja difícil sermos “divinos”, isto é, perdoar sempre, olhemos à nossa volta e, mesmo diante do caos em que vivemos, celebremos a vida. Partilhemos o pouco de bondade que temos, e sejamos, pelo menos um dia na semana, radicais, como Francisco de Assis.

Santo Agostinho escreveu: “aquele que te ofendeu, ofendendo-te, inferiu a si mesmo uma grande ferida; e tu não te preocupas pela ferida de um irmão teu? (…) Tu deves esquecer a ofensa que recebeste, não a ferida do teu irmão”.

Perdoemos até “setenta vezes sete”, sem limites, pois sem limites e gratuita é a misericórdia do Pai.

Ótima semana!

Padre John Raju Nerella
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Paz de Ibiporã

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