sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Porque ser padre?


Este é um assunto raramente tratado, algo deixado de lado, pois na sociedade em que vivemos preza-se apenas três coisas: O PRAZER, O TER E O SER.


Pois bem, comecemos pelo Prazer. Preza-se muito nos dias de hoje a busca pelo prazer; seja em bebidas alcoólicas ,no uso de outras drogas lícitas ou ilícitas, no sexo desregrado, no consumismo ou em outras formas diversas, diversas porém vazias. Busca-se, sobretudo o prazer no pecado. O pecado nada tem a nos oferecer, apenas faz com que sejamos usados, até por nós mesmos, como meros instrumentos de prazer, e depois somos descartados; buscamos nos satisfazer com coisas passageiras, pequenas e sem sentido, sentimos sim o prazer, mas logo passa e nos deparamos com o vazio. Muitas pessoas se perdem em vários caminhos em uma busca incansável de saciar os anseios de seu coração, e acabam se frustrando, pois o desejo que há em nós, é o desejo de Deus, assim como a matéria simples busca a forma, nossa alma por natureza tem anseio das coisas divinas, mas muitas pessoas se perdem no pecado, e demoram uma vida toda para perceber que aquilo que buscam é algo vazio. O pecado não poderia jamais nos saciar, pois fomos feitos para algo maior, muito maior. Como poderia uma águia viver a rastejar-se pelo chão?

Depois ainda nos deparamos com a busca pelo Ter. Ter dinheiro, um carro do ano, roupas caras, casa na praia, etc. Acredito novamente que a busca aqui ainda é pelo prazer, o prazer em ter, possuir, como se por possuir mais, fossemos maiores. Em ter, tentamos saciar os nossos desejos, os anseios que há em nossos corações. Vejo tais almas, como águias que mutilam suas asas, e depois, como Ícaro (da mitologia grega), tentam construir asas de cera. Sabemos que estas asas ao voar seriam derretidas pelo sol, mas o problema não é esse. O problema é que com elas, estas pobres almas nem sequer alçam voo.

        Nós somos também tomados pelo desejo do Ser, pois como já disse, Deus nos fez para sermos grandes; como que com asas de águia, para voarmos até Ele. O próprio Deus se revela a nós; elevando-nos a Ele, se rebaixando até nós, fazendo-se homem.
        
Irmãos, Ele nos fez bem mais que águias, não nos fez meros objetos de prazer, mas nos fez à sua imagem e semelhança, nos fez seus filhos... nos fez SEUS.

Por isso este desejo insaciável em nossas Almas. É o desejo de Deus, porque ele nos fez para Ele, porém nos deu o livre arbítrio, Ele não nos obriga a entregarmo-nos, mas nos espera, ele não nos fez para os prazeres deste mundo, mas para os prazeres da alma, que se encontram apenas n'Ele que é a própria Felicidade. Ele não nos obriga a entregarmo-nos a Ele porque ele quer que o amemos, quer que o amemos acima de todas as coisas, de todo o nosso coração, de toda a nossa alma e com todas as nossas forças, e assim nos entreguemos por amor. Amá-lo acima de todas as coisas é mais que um mandamento, é um anseio do Senhor.

O Sacerdócio, a vida consagrada é uma das mais belas formas desta entrega; ou melhor, a meu ver, é a plenitude desta entrega. Esta entrega é bem mais que uma opção de vida, é bem mais que uma escolha, Se entregar à vocação é voar mais alto; É lançar-se aos braços do pai, é seguir Aquele que é o Caminho, a Verdade e a Vida; é querer doar-se inteiramente em resposta ao amor do Deus que desde sempre nos amou e também se entregou na cruz, e continua a se entregar a cada Santa Missa, sobre o Altar e por amor; amar é doar-se sem reservas! E esta entrega é fruto de um coração que lançou seu olhar a um tesouro incorruptível, que nada pode desmanchar. Que descobriu que a verdadeira vida está oculta em Deus; é fruto do coração que se deixou preencher pela verdadeira felicidade; é fruto do coração que aspira às coisas do alto.

           Ser sacerdote é querer viver o céu já aqui, é mostrar para outros que há um céu, como a lua que na noite nos mostra que do outro lado, mesmo que invisível, há um sol. Ser sacerdote é aceitar ser o príncipe de um reino que não é deste mundo. É ser como Maria e dizer: "faça-se em mim segundo a tua palavra." É ser como disse Catalina Rivas: "Sacerdote: cordão umbilical de Deus com os homens, que transmitem a graça divina através do perdão e da Consagração Eucarística”. E também como Maria trazer até nós o Salvador, mas de outra forma, trazê-lo sobre o altar, ter as mãos ungidas assim como o ventre de Maria foi fecundo pelo Espírito Santo, ser também de certa forma, esposo do Espírito de Deus, nosso paráclito, nosso amigo, nosso defensor! Pois como disse São João Maria Vianney: "O Sacerdote deve estar envolto pelo Espírito Santo assim como está envolto em sua batina”. Ser sacerdote é ser, como disse São Pedro Julião Eymard: "O Pai de Jesus Sacramentado, o rei espiritual das Almas, um Deus terreno!".

Não, isso não é mérito nosso! Pois somos instrumentos falhos e fracos, às vezes desgastados pelo pecado, mas é pela graça de Deus! É pela sua maior glória que prefere usar instrumentos pequenos para fazer coisas grandiosas. Instrumentos muitas vezes enferrujados pelo pecado, mas que Ele restaura com seu próprio sangue, para produzirmos o melhor. Ser, portanto, sacerdote é na verdade nada ser; é ser apenas alguém apaixonado por Cristo. E o resto? Basta deixa-lo agir em nós!

          Mas neste mundo, cada vez menos pessoas se entregam a este Deus que ama. Muitos fingem não ouvir seu chamado, e não querem responder.

O intuito desta publicação foi responder, ao menos um pouco, uma pergunta: "Por que ser padre?".

Porém eu lhes faço outra pergunta: Porque não ser padre?!

           Deixo então em vossos corações as palavras de São João Maria Vianney:
“Se entendêssemos na terra o que é um padre, morreríamos não de susto, mas de amor”.

Sem. Elton Gabriel Amorim

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